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domingo, 11 de fevereiro de 2018

    Existe um debate se navios de patrulha oceânica, os OPVs (Offshore Patrol Vessels), devem ou não receber armamento mais pesado, com alguns defendendo o conceito que são navios policiais e que se destinam a tarefa de fiscalização da pesca ilegal e que para este fim basta que possuam metralhadoras, assim podemos assistir hoje a visão de grandes navios de patrulha como a Classe Viana do Castelo portuguesa de 1750 toneladas armada com um canhão de 30 mm o que me parece um contra censo.

    Sou um defensor de que OPVs possuam um melhor armamento do que existe hoje em dia, pois lembro que eles são navios militares antes de serem navios policiais e que em marinhas menores como a brasileira ou em outras do continente sul americano, eles tem a tendência de assumir missões acima do que foram projetados, mesmo em tempo de paz.

    Não defendo transformar um OPV em uma corveta, pois isso perde todo o propósito de aproveitar o baixo custo de construção e de operação deste tipo de navio. Corvetas e OPVs são coisas diferentes.

    O que advogo: É que não parece uma boa ideia economizar dinheiro, deixando o navio sub armado com apenas um canhão de 30 ou 40 mm e algumas metralhadoras, sob o argumento que ele irá combater apenas à pesca ilegal. Sendo que ele fará parte de marinhas notadamente com carência de escoltas.

    O aumento de custo que se tem com a instalação de uma peça de grande versatilidade como o Oto Melara de 76 mm é plenamente compensado com o que esta arma oferece. Como capacidade de defesa antiaérea plena contra aeronaves em seu alcance, alguma capacidade antimíssil, capacidade de destruir embarcações de superfície, bem como até fazer fogo contra alvos em terra. Lembrando que o canhão precisa de uma direção de tiro, o que pode ser feito por uma alça optrônica de menor custo que um a diretora de tiro com radar.

    Não sei precisar o custo destes sistemas, mais está na casa de dezenas de milhões de dólares, mais repito a capacidade alcançada justifica o seu uso.

     Também é prudente destinar em um OPV o espaço e reserva de tonelagem, além de toda a parte elétrica de cabeamento, eletrônica como consoles para que possam ser armados com SSM caso necessário.

    O custo de um SSM é na faixa de 3 milhões de dólares e dois mísseis deste tipo dão a capacidade de pelo menos um OPV poder atirar contra um navio maior. Ou seja por 6 milhões de dólares se põem um ferrão na abelha. Aliás no caso brasileiro temos em desenvolvimento uma arma nacional o seu uso em vários navios aumenta a escala de produção o que favorece a redução de custos e capacitação da indústria nacional.

    Digo tudo isto, com plena ciência da vulnerabilidade em relação a danos deste tipo de navio, bem como também saliento que se eles tivessem as características de uma escolta, não seriam economicamente viáveis.

    Também considero relativa a vulnerabilidade, pois em termos de validade de combate pequenas escoltas podem sim sobreviver ao impacto de um míssil anti navio e se manter flutuando, mas perdem completamente a capacidade de combate. Não passam de navios aleijados no mar. E enquanto inoperantes em guerra receberiam outros impactos com a morte dos seus tripulantes.

    O que ocorreria com um OPV é que eles simplesmente afundaria com perdas muito maiores de vida inicialmente ou não pois também não haveria combate aos incêndios de bordo etc, seria evacuado prontamente. Mas isso vai acontecer com ele tendo ou não as armas, pois o que ocorre é que um conflito ele seria usado em missões que não seriam de caracter policial e acabaria correndo riscos da mesma forma.

    Um OPV é um navio militar e não um navio civil, um OPV equipado com armas de baixo calibre se adequaria muito bem a missões policiais, mas ficaria totalmente incapaz em um ambiente de hostilidade mesmo que seja o de um conflito de baixa intensidade.

  Lembrando novamente que em caso de hostilidades até navios civis são alvejados, exemplos disto ocorreram em todos os conflitos e até nos mais recentes como na Guerra das Malvinas e no Golfo Pérsico. O que significa que um OPV não será poupado por não ter armamento.

    Aliás exemplos não faltam para mostrar que navios que teoricamente não deveriam estar na linha de frente podem ser engajados e atingidos em missões que não são de combate, vejamos na Guerra das Malvinas o aviso ARA Alferez Sobral, armado com um canhão Bofors de 40 mm L/60 foi atingido por mísseis Sea Skua quando realizava tarefa de busca e salvamento.

    O que vai acontecer na realidade é que durante um conflito vão faltar navios de escolta e aí vão se usar os OPVs em missões perigosas e os seus tripulantes militares vão correr o risco inerente a combatentes em tempos de guerra.

    Por fim ressalto que muitas armas são modulares, então pode se conceber o navio sem instalar de início os equipamentos. O que facilitaria se armar melhor o navio quando necessário.

    Mas também deixo claro que não é possível viabilizar capacidades como ASW ou colocar mísseis antiaéreos de porte etc. Pois o navio não tem sensores como sonar de casco, radares de busca aérea etc. E isto é totalmente fora do contexto deste tipo de barco. 

A classe Amazonas.

    Analisando o caso da Classe Amazonas que tem como arma principal na proa um canhão automático de 30 mm MSI DS 30M MK 44 e como armas auxiliares dois canhões de 25 mm MSI DS 25M nos bordos. Estas armas não devem ser assim de tão baixo custo e considerem que o navio é bem grande, pois tem um deslocamento de 2450 toneladas e 90,5 metros de comprimento por 13, 5 metros de boca. Uma corveta Barroso tem 103, 5 m, meros 13 metros a mais e a boca desta é menor 11 metros.

    E o navio também possui sensores adequados, sendo equipado com um radar de busca 2D Scanter 4100 e com uma alça optrônica HORUS que possui câmera de TV, imageamento térmico e um telêmetro laser. A qual pode servir como diretora de tiro para um canhão de 76 mm, no caso do Amazonas inexistente. Esta classe de OPV também possui um COC, com sistema de combate OSIRIS. 

    A existência de um canhão de 76 mm permitira enfrentar qualquer outro OPV similar estrangeiro, dá para parar um navio mercante dispando contra a praça de máquinas deste, dá para atirar contra uma posição em terra, dá abater uma aeronave tripulada ou não que esteja no alcance da arma. É o mesmo poder de fogo que se tem em muitas fragatas maiores. Qual o custo a mais, não compensa ?

    Colocar o console, cabeamento e as plataformas para receber dois mísseis do tipo Man sup (similar ao Exocet MM 40)  o que isso acrescenta de custo ou modificações, a diferença é que em caso de conflito por 6 milhões de dólares pode se acrescer dois mísseis anti navio. A de onde vem a orientação para os mísseis poderiam perguntar alguns. Respondo que viria do alcance de horizonte radar do radar Scanter 4100, ou por link a informação vindo de outro navio ou de uma aeronave. O que importa é que um OPV com SSM é uma ameaça para qualquer outro navio de superfície.

    E praticamente acabou, não dá para ir muito além, pode se ter chaff básico mas aí para o seu funcionamento efetivo depende da existência de um sistema MAGE básico. Pode se pensar em ter algum tipo de Manpad para defesa antiaérea, mas acredito que o canhão de 76 mm já faz esta parte. No entanto nada impede de se ter a bordo algum míssil do tipo do Igla.

    Apesar dar vulnerabilidade inerente ao projeto inicial continuar inalterada a verdade é que por um acréscimo de custo se dar poder de destruição ao navio.

    Contra o argumento de que não é a finalidade do projeto do navio. Coloco a questão: Se em tempos de paz faltam escoltas operacionais para todas as missões, em guerra, não haverá uma falta ainda maior de escoltas e os OPVs não vai ser ordenado que estes navios tomem missões de combate mesmo não sendo adequados.

    A própria Marinha enviou um OPV para a costa do Líbano, por falta de ter fragatas no momento.

    E assim sendo um OPV de casco vulnerável como o Amazonas, operando na escolta de um comboio, em conjunto com uma corveta não agrega mais poder, acrescendo um segundo convoo para o helicóptero reabastecer, um segundo radar para vigilância por exemplo, um segundo posto de comunicações, uma alça optrônica para vigilância em um extremo do comboio. Sempre serão dois navios ao invés de um. Mas vai sentir falta de ter armas como o canhão principalmente.

    Ou seja, é um desperdício de tonelagem construir navios de 2000 toneladas armados somente com metralhadoras, com argumento que vão passar a existência atrás de barcos de pesca.  
  

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